domingo, 20 de março de 2011

Introdução


introdução AO UNIVERSO DA LÓGICA
1. preliminares:
A palavra Lógica não nos é desconhecida. Frequentemente a utilizamos ao fazer referência a situações do pensar, do falar e do agir em que se notam precisamente faltas de coerência ou incongruência naquilo que parece não ser o normal, naquilo que parece estar fora do lugar! Quantas e quantas vezes não dizemos que em tal coisa ou situação ou facto há ou não lógica, a nível da vida, da política, do futebol, da guerra, da sociedade, da religião, da economia, etc., etc., etc.?
Coerência, congruência: CONDIÇÕES do pensar, falar e agir lógicos
Vejamos o seguinte caso: «O despertador tocou. Zé saltou da cama, correu à casa de banho. Olhou pela janela para ver como estava o tempo: ‘Ih, que chuvada! Assim posso deixar o capote e o guarda – chuva em casa". Veste-se rapidamente. Toma o pequeno-almoço. Olha para o relógio e diz: ‘’Faltam apenas dois minutos para o toque da campainha. Não é preciso tanta pressa, pois só levo dez minutos para chegar à escola».
Numa situação análoga, se ouvíssemos os propósitos expressos por Zé, teríamos alguma coisa a repreender-lhe, pois o seu discurso não era compatível com a realidade; o que se dizia não estava de acordo com o que acontecia. Estaria ele a pensar mesmo naquilo que dizia? Estaria ele a exprimir aquilo que pensava? Fosse o que fosse, uma coisa era, porém, certa: o seu discurso era simplesmente, incoerente, incongruente e, ipso facto, pura e simplesmente ilógico!
Este simples exemplo é suficiente para mostrar que o homem normal estrutura o seu pensar e o seu falar segundo critérios, regras, leis, princípios. São estes que tornam o pensamento e o discurso coerentes, lógicos. Eles são, pois, condições sem as quais o ser humano não consegue articular, relacionar, organizar o que pensa, o que diz e o que faz.
O pensamento e a linguagem estão presentes em todos os domínios da vida e em todos os domínios da actividade humana. São mesmo considerados os sinais mais evidentes da superioridade do homem em relação aos animais. "Os animais não pensam porque não falam". (Descartes).
Ao pensar e ao falar que é que fazemos? Utilizamos palavras, construímos frases, fazemos interrogações, exclamações e pedidos, damos ordens, expressamos desejos, etc. Mas, sobretudo, fazemos afirmações. Relacionamos as palavras, as ideias, as afirmações, os factos, os acontecimentos, etc. e argumentamos construindo um discurso coerente, lógico.
É com um discurso organizado e lógico que transmitimos e expressamos aos outros os nossos saberes e as nossas experiências. É falando que argumentamos em defesa de uma tese ou contra ela; é argumentando que defendemos as nossas ideias, ou mostramos a falta de fundamento ou coerência de opiniões diferentes das nossas. “Uma boa linguagem é a própria essência do pensamento”. (Peirce).
As palavras, as frases, as argumentações, os discursos têm sentido na medida em que traduzem um pensamento coerente; este por sua vez, adquire sentido na sua relação com a realidade.
lógica natural: Como ficou claro com o exemplo dado, o pensamento e o discurso coerentes resultam de uma aplicação espontânea, natural de leis e princípios lógicos, apesar de não termos consciência de que os estamos a utilizar. Isto prova que há uma lógica natural, quer na linguagem, quer no pensar quando se trata de haver coadunação com a realidade. Naturalmente falamos e pensamos com lógica.
O falar é tão natural ao homem que com frequência falamos sem pensar. Afirmamos mesmo, por vezes, a necessidade de parar para pensar. Acontece tb que, inversamente, pensamos sem falar, não expressamos exteriormente os nossos pensamentos e não os comunicamos a ninguém. Isto não significa, porém, que possamos pensar sem palavras ou sem linguagem, mas tão-só que não existe, nesse caso, a dimensão exterior do pensamento. Quando meditamos ou reflectimos sem exteriorizar o nosso pensamento, falamos connosco mesmos: “Pensar é o diálogo da alma consigo mesma”. (Platão)
Distinção entre pensamento e pensar: Há todavia, que distinguir entre pensamento e pensar. Enquanto o pensamento é um produto resultante da actividade de pensar, já o pensar é uma actividade e um processo. Torna-se, pois, necessário esclarecer que em todo o pensamento há:
v Uma pessoa que pensa (o agente produtor do pensamento, o pensante, o pensador)
v Um objecto pensado (o que se pensa, a matéria, o conteúdo)
v O acto/a actividade (o pensar)
v O produto/resultado (o pensamento)
v A forma (a estrutura)
v A expressão (a palavra, o enunciado, a proposição)
v A situação (as diferentes circunstâncias e os diferentes contextos)
Que é pensar? Os Dicionários dizem: «Pensar é: “meditar, julgar, discorrer, cogitar, reflectir, supor, formar uma ideia, raciocinar, fazer tenção de”».
Desta primeira abordagem resulta que a actividade de pensar, ao nível da linguagem comum, entendida com o significado de formar ou combinar ideias, i. é., estabelecer relações entre os novos pensamentos. Pensar seria fundamentalmente, julgar, formar juízos.
Esta maneira de caracterizar o pensar esquece, todavia uma dimensão que já estava presente na origem etimológica da palavra pensar. Com efeito, pensar deriva do étimo latino pensare que significa "pesar, medir, avaliar, comparar". Cruzando essas duas descrições obtemos como resultado que pensar é “julgar segundo uma certa medida", i. é, segundo regras e princípios.
A análise da linguagem corrente aponta para uma das características essenciais daquilo que se chama pensar: o relacionar, o articular de modo coerente.
2. Definição de Lógica
Etimologicamente Lógica é a ciência do ‘logos’, que em grego significa, simultaneamente palavra, proposição, oração e pensamento. A palavra Lógica herda daquele termo o seu carácter plurívoco.
Entendida, pois, como ciência do logos, a Lógica poderá ser tb definida ou caracterizada como:
(a) a disciplina filosófica, ou a ciência, que tem por objecto o pensar
(b) a ciência da razão, ou do pensamento
(c) a ciência do discurso racional
De um modo mais preciso, afirma-se, que a Lógica consiste no estudo das leis do pensamento. ou é a ciência que estuda a dimensão racional do discurso.
Portanto, a Lógica é a ciência que nos permite descobrir e formular as leis do pensamento válido, levando o próprio espírito a distinguir o verdadeiro do falso.
É possível pensar correctamente sem conhecer as regras da Lógica, tal como é possível trocar um instrumento sem se ser músico. Contudo, quem aprende Lógica pensa de um modo mais preciso, sendo os seus argumentos mais exactos. Comete menos erros e equivoca-se menos vezes. Tem um discurso mais coerente.
dados históricos: O estudo da Lógica vem da Antiguidade Clássica. Aristóteles (348- -322 a. C) é considerado o seu fundador.
Alguns autores tomaram o termo Lógica apenas como lógica formal. Esta trata só das formas do raciocínio e das suas leis, abstraindo de qualquer conteúdo material. Tem, portanto,, como objecto o pensamento, o acto psicológico do pensar: conceitos, juízos e raciocínios.
Outros autores distinguem Lógica formal e Lógica material.
A Lógica formal (ou teórica) estuda as condições formais da ciência, ou seja, as várias regras do raciocínio para que ele seja correcto. “É a parte da Lógica que estabelece a forma correcta das operações intelectuais (...): a apreensão, o juízo e o raciocínio”. (R. Jolivet). Estuda o acordo do pensamento consigo próprio.
A Lógica material (ou aplicada) estuda as condições materiais da ciência, isto é, analisa o raciocínio nos princípios de que ele depende quanto ao seu conteúdo ou matéria. “É a parte da Lógica que determina as leis particulares e as regras especiais que decorrem da natureza dos objectos a conhecer” (idem). Estuda o acordo do pensamento com a realidade. Aplica as regras formais à matéria ou à investigação da verdade, indicando, indicando os processos a seguir na procura da mesma.
Daqui se infere que as leis da Lógica material são particulares, pois o matemático, por ex.. aplicará as leis formais de maneira diferente do físico ou do biólogo.
Conclusão: A Lógica apresenta-se, pois, como o estudo das condições de coerência do pensamento e do discurso.
2. 1. algumas definições particulares
(*)- “Teoria formal das operações do pensamento” (J. Piaget)
(*)- “A Lógica trata da razão como instrumento do saber” (R. Jolivet)
(*)- “Ciência das leis ideais da razão, e a arte de as aplicar correctamente à investigação e à demonstração da verdade”. (R. Jolivet)
(*)- “A Lógica investiga o conjunto dos princípios e das modalidades formais do pensamento” (E. Coseriu)
(*)- “Directamente formada da palavra logos, ‘Lógica’ herda a plurivocidade deste termo essencial na filosofia. A lógica é uma certa ciência do logos ou uma certa técnica (arte) do logos (razão, pensamento, linguagem). Como é possível estruturar o campo semântico de logos segundo dois eixos dominantes – o da ‘linguagem’ e o da ‘razão’ -, diz-se geralmente que a lógica é o estudo da razão na linguagem ou o estudo do discurso racional. (G. Hottois)”.
Pode-se concluir desses propósitos de que à Lógica está cometida a tarefa de regular o perfeito discurso da razão e a de oferecer o bom caminho para o correcto exercício da linguagem e do pensamento na procura da verdade.

1 comentário:

Anónimo disse...

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