segunda-feira, 11 de junho de 2012

Lógicas Clássicas proposições e silogismos categóricos

Primeira Lição: LÓGICA PROPOSICIONAL 
1) Organum
O termo «Organon» não é aristotélico :  foi utilizado por Alexandre de Afrodisia para designar a lógica. Etimologicamente, significa "instrumento", e provavelmente exprime a ideia de função propedêutica  introdutória da disciplina lógica. 
2) Lógica analítica
Em Aristóteles, porém, a lógica (chamada método analítico) não é colocada na classificação das diferentes ciências justamente porque ela é entendida como a instrumentação comum para estas, ou seja, o modo de raciocínio e métodos de demonstração que as ciências usam.
O conhecimento intuitívo é o conhecimento intelectual das essências das coisas. Em outras palavras, para Aristóteles existe ciência quando se conhece a essência da coisa. 
Aristóteles achava que o conhecimento intuitivo - que, no sistema sillogistico do conhecimento demonstrativo tinha a função de mostrar a verdade das premíssas (dando vida às premissas consideradas fundamentais , que não necessitam de ser comprovadas e são sem dúvida, verdade)
Uma premissa fundamental é, por isso, uma formulação que reúne e descreve a essência das coisa no que diz respeito.
Partindo deste antecedente filosofico, a estrutura aristotélica das definições era a seguinte.
Tomamos a definição "um cachorrinho é um cão jovem".  Em que:
a) o termo "cachorrinho" é o termo para definir
b) a expressão "um cão jovem" e a fórmula definiente, ou seja, que o define. 
Para Aristóteles, o termo para definir, é o nome da essência da coisa e a fórmula é a descrição da essência. Em uma definição, portanto, é preciso, em primeiro lugar, dar o nome da sua essência, e então proceder a descrevê-la. 

Popper mostra com inteligência o erro da interpretação essencialista.
"Enquanto a interpretação essencialista lê uma definição "normalmente", ou seja da esquerda para a direita, podemos, por outro lado,  dizer que uma definição, que normalmente é utilizada na ciência moderna deve ser lida de trás para frente ou seja do lado direito para o esquerdo". Isto significa que, na ciência moderna, a definição de "um cachorrinho é um cão jovem" não responde a pergunta "o que é um cachorrinho?", ou "Como descrever a essência do ser um cachorrinho? ".  Nós Pedimos ao invés: "O que é que nós chamamos um cão jovem? Nas definições científicas os termos a definir e a fórmula definiente estão invertidos e têm diferentes funções: começamos com a fórmula definiente e limitamo-nos a perguntar somente se podemos concordar. Ao nível lexical, para encontrar um nome mais curto, o que nos poupa tempo e espaço, evitando todo tempo de escrever "um cão jovem", semplifíca-se dizendo "um cachorrinho". 
Karl Popper
A utilização científica das definições, consiste numa leitura não da esquerda para a direita, mas da direita para a esquerda (cfr. interpretação verdadeira).  Por esse motivo, nós podemos, com Popper,  chegar à seguinte conclusão. "Na ciência moderna temos apenas definições nominalistas, o que significa que os símbolos ou expressões sintéticas  são introduzidas para encurtar do máximo uma longa expressão. E disto podemos imediatamente dar-nos conta de facto as definições não desempenham qualquer papel sério e importante na ciência ".
" ... Mesmo Aristóteles acreditava que todo o conhecimento, em última análise, nós o obtemos por uma compreensão intuitiva das essências das coisas. "Para cada coisa existe ciência quando se conhece a pura essência", escreve Aristóteles, e "saber uma coisa é saber a pura essência".
Uma "premissa fundamental" nada mais é, segundo ele, que uma declaração que descreve a essência de uma coisa. Mas esta afirmação é precisamente o que ele chama de definição"

PRIMEIRA PARTE
  lógicas CLÁSSICAS
proposições e silogismos categóricos
ARGUMENTOS E DEDUÇÕES. 
Se trata da arquitectura lógica aristotélica, como já mencionamos, ou seja da forma que deve possuir qualquer tipo de intervenção que pretende demonstrar, e justificar qualquer coisa.
1) argumento
O termo argumento ou demonstração justificativa, destaca o caracter prescritivo que está no fundo de um discurso, e o torna um tópico.
Um argumento pode ser definido um discurso que busca fornecer razões pelas quais as coisas que suporta devem sempre ser assim. Neste sentido, o argumento deve ser distinguido da explicação, que, por outro lado se relaciona ao plano do ser das coisas, que tem por objetivo descrever como as coisas estão.
"Os carros engarrafam as ruas de Luanda pois o planejamento do trânsito urbano é totalmente inadequado", não estou oferecendo razões acerca dos carros que engarrafam as estradas de Luanda, mas  estou  oferecendo uma outra explicação, ou seja apponto para a causa que explica porque é que as coisas são assim. Porquê este tráfego costuma ficar engarrafado. 
Por conseguinte, não estamos aqui no plano normativo, da necessidade de ser, mas no plano ontológico do ser. 
Outra forma de expressar a distinção,  poderia ser a de sublinhar como na explicação sempre refere-se a um fato certo, incontestável, que mostra a ligação causal,
Enquanto na justificação o facto ao qual a conclusão refere-se é incerto, duvidoso, é precisamente por esta razão que, na premissa estamos procurando razões que possam apoiá-los, para comprová-lo.
Assim, em referência ao exemplo, do facto que os carros engarrafam pelas ruas da cidade de Luanda não é um fato que eu vou demonstrar, mas estou afirmando-o como seguro, certo, que já ocorreu: não forneço, por conseguinte as razões para apoiá-lo, mas aponto para as causas que o produziram.
Se em vez disso dizesse que "desde que os carros avançam lentamente, aquele homem não poderia ter sido investido a não ser por um descuido".
Eu teria realizado um argumento, e não oferecida uma explicação. Na verdade, aqui eu estou citando razões em favor da tese de que o investimento do homem deve ser atribuído ao seu descuido, e não à velocidade dos automobilistas.
Em Massangano um rapaz vindo de Dondo quis espancar seu pai acusando-o de feticeiro. Espancou-o e sem esperar pelo barco quis atravessar nadando o rio Lucala. Pronto! Um jacaré apanhou e mevou-o. Qual a explicação disso?
Estamos avançando sobre um argumento no qual o fato à base da minha conclusão (o descuido do peão, o feitiço que agiu sobre jovem apanhado pelo jacaré) não são fatos certos, mas, ao contrário, são dúvidoso: e sNao os mesmos fatos que eu tenciono demonstrar, em favor dos quais eu alego motivações (contidas na introdução "porque os carros avançam lentamente, porque o feitiço golpeou o jovem que espancou o pai" ). 
No mesmo sentido, mas com uma estratégia diferente, podemos dizer que aqui estamos diante de um argumento, e não uma explicação, uma vez que estamos a avançar no domínio da necessidade de ser, e não do ser em si.
O descuido dos peões não é colocada no sentido do que é, mas daquilo que deve ser, que deve-se inferir da minha premissa. Como se vê, as duas estratégias são equivalentes.
Argumentos dedutivos e indutivos.
Portanto, devemos distinguir a dedução da indução. Em nossa análise, a distinção deve ser baseada em um aspecto específico:
a) a dedução é um modo de raciocínar que procura demonstrar, a partir de certas premissas,  a necessidade de concluir;
b) a indução em vez disso é um modo de raciocínio que procura demonstrar, a partir de certas premissas, a probabilidade, de uma certa conclusão. 
A dedução é definida como a forma desse tipo de argumento, cujas premissas forneçem razões conclusivas para a verdade da conclusão.
→ UM argumento dedutivo pode, portanto, ser definido como uma intervenção, na qual, dada a verdade das premissas que o compõem, segue necessariamente, sem a necessidade de acrescentar mais nada, a verdade da sua conclusão.
Bibliografia
IACONA A. (2007), L’argomentazione, Einaudi, Torino.